Rayssa Gomes
20 de Agosto de
2021
Finalmente entenda o que é rosácea - tudo explicado
Olá! Primeiramente quero te contar que eu tenho rosácea há muitos
anos. E se você também tem, saiba que te entendo perfeitamente.
Pode ser um desafio e tanto controlar a rosácea, mas te digo que, com os cuidados adequados e
uma dose de autoconhecimento e autoestima, é perfeitamente possível acalmar a pele.
Estamos juntos nessa!
Rosácea e seus dilemas
Você já teve dúvidas se a rosácea é somente um problema de pele ou é vascular também? É uma doença autoimune? Tem relação com a
acne, gastrite ou outras comorbidades? Como
tratar a rosácea? Quais cosméticos são recomendados?
Muitas podem ser as dúvidas das pessoas que têm essa condição. Você verá sobre tudo isso e muito
mais numa série de artigos dedicados a este tema.
O que é rosácea afinal de contas?
É uma patologia vascular e inflamatória crônica da pele que atinge milhões de pessoas em todo o
mundo, cerca de 10% da população mundial.
Os sinais e sintomas da rosácea predominam na região central da face e incluem as seguintes
manifestações:
- eritema/vermelhidão transitório;
- eritema permanente;
- telangiectasia;
- pápulas e pústulas;
- sensação de aquecimento, ardor e coceira;
- descamação fina;
- sensibilidade aumentada.
As áreas afetadas são geralmente as bochechas, nariz, queixo e testa. Em casos menos comuns pode
acometer outras áreas do corpo também, como a lateral do rosto e as costas.
Já foi bastante chamada de acne rosácea, mas esse termo não é o mais adequado, visto que, pelas
suas características gerais, a patologia da rosácea é diferente da acne. Entretanto, a aparência
pode ser sim confundida com a acne como falaremos adiante.
Tipos de rosácea
A rosácea é classificada em quatro graus, também chamados de subtipos:
- Eritemato telangiectásica:
Caracteriza-se por Flushing que é um eritema transitório na face com sensação de
aquecimento, devido à vasodilatação dos vasos sanguíneos mais superficiais, ou ainda,
por eritema persistente que pode perdurar por meses, ambos com ou sem telangiectasia -
telangiectasia é o nome dado a dilatação dos capilares sanguíneos da pele, formando
emaranhados de pequenos vasinhos avermelhados e visíveis na forma de “teia de aranha” ou
em rede.
O eritema pode progredir de transitório para permanente, provavelmente, devido a um
desequilíbrio vasomotor recorrente, onde leva a fragilidade dos vasinhos sanguíneos,
ficando estes constantemente dilatados na região.
- Pápula pustulosa:
Ocorre a formação de erupções - bolinhas - na pele sem a presença de pus, chamadas de
pápulas, ou com pus que são as pústulas. As lesões podem ser bem pequenas ou maiores e
mais profundas. Esse é o subtipo que pode ser confundido com a acne.
O que diferencia as lesões de rosácea com a acne é a ausência de comedões (cravos), bem
como suas demais características como a presença de telangiectasia.
- Fimatosa:
Caracteriza-se pelo espessamento irregular de algumas áreas do rosto, juntamente com o
desenvolvimento anormal das glândulas sebáceas. Geralmente o nariz é a região mais
afetada recebendo assim o nome de rinofima.
É um subtipo mais grave com possível deformação do nariz.
- Ocular:
Acomete cerca de 50% dos indivíduos que têm rosácea na pele. Caracteriza-se por irritação
ocular, ressecamento, sensação de corpo estranho, sensibilidade à luz, blefarites,
presença de calázios e outras inflamações como conjuntivite e ceratite.
A rosácea ocular pode associar-se a qualquer outro subtipo ou ocorrer de forma isolada,
sem acometimento cutâneo.
Há algumas variantes consideradas graves, porém raras, como a rosácea
granulomatosa que é uma variante do subtipo papular que segue um curso crônico
e não remitente. Ocorre acentuação do eritema, placas inflamadas, avermelhadas ou acastanhadas e
edema (inchaço) endurecido.
Outra variante é a rosácea conglobata caracterizada por eritema intenso, placas
endurecidas, nódulos e abcessos hemorrágicos.
Há ainda a forma mais extrema da rosácea
conglobata que é a rosácea
fulminante, a qual apresenta erupção súbita de cistos,
abscessos e nódulos.
Mesmo sendo de caráter grave, há tratamento para todas as
variantes assim como na rosácea clássica.
A presença de edema pode estar presente em graus variados em qualquer subtipo, além de
desidratação e descamação da pele, mesmo que se tenha pele do tipo oleosa.
As fases da rosácea costumam ser sequenciais, assim, um indivíduo pode ter um quadro estável como
ter apenas uma vermelhidão passageira ou seguir evoluindo, passando pela forma pápula pustulosa
até chegar na fimatosa. Porém, nada é regra aqui! A pessoa acometida pode, por exemplo,
manifestar o subtipo papular sem antes ter passado pelo subtipo eritemato telangiectásico.
Mesmo sendo uma patologia de caráter crônico, a progressão até os estágios mais avançados pode
ser perfeitamente evitada com o tratamento adequado.
Quem pode ter rosácea?
Qualquer pessoa de qualquer idade e etnia pode ter rosácea. No entanto, é mais comum em pessoas
de pele clara e com ancestralidade europeia, principalmente as mulheres com idade entre 30 e 50
anos. Porém, quando acomete os homens tende a evoluir com mais frequência para as formas mais
graves.
Não é comum o diagnóstico em pessoas de peles mais escuras com fototipos altos V e VI, mas pode
sim acontecer. Também pode se manifestar na infância com predomínio dos subtipos eritemato
telangiectásico, papulo pustuloso e ocular. Muitas vezes, a rosácea ocular antecede os sintomas
cutâneos em crianças. Mas, lembrando que ambos os grupos não são tão predispostos a essa
patologia.
Leia os demais artigos relacionados para saber o
que causa rosácea, como é o tratamento e muito
mais!
Referências:
Oliveira, Clivia Maria Moraes de, et al. "Consenso sobre tratamento da rosácea− Sociedade
Brasileira de Dermatologia." Anais Brasileiros de Dermatologia 95 (2020): 53-69.
Trindade Neto, Pedro Bezerra da, et al. "Rosácea granulomatosa: relato de caso-enfoque
terapêutico." Anais Brasileiros de Dermatologia 81 (2006): S320-S323.
Alexis, Andrew F., et al. "Global epidemiology and clinical spectrum of rosacea, highlighting
skin of color: review and clinical practice experience." Journal of the American Academy of
Dermatology 80.6 (2019): 1722-1729.
Kroshinsky, Daniela, and Sharon A. Glick. "Pediatric rosacea." Dermatologic therapy 19.4 (2006):
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