Rayssa Gomes
20 de Agosto de
2021
Quais são as causas da rosácea e como é o mecanismo de
desenvolvimento?
As causas não estão totalmente estabelecidas mas envolvem múltiplos fatores.
Seu aparecimento está fortemente ligado à genética, onde os portadores da rosácea nascem com
determinados receptores de superfície nas células, os quais estão envolvidos no desenvolvimento
dessa patologia. Assim, em algum momento da vida, por algum motivo, esses receptores podem ser
estimulados e os sinais e sintomas começam.
Além do caráter genético, há uma desregulação imunológica e neurovascular, as quais tornam a pele
e seus vasos sanguíneos hiper reativos frente aos fatores desencadeantes.
Entende-se por fator desencadeante, tudo aquilo que induz e piora a rosácea, como:
- exposição solar;
- sensibilidade da pele ao clima muito quente ou muito frio;
- sensibilidade a cosméticos;
- uso crônico de alguns medicamentos;
- alimentação;
- questões emocionais;
A desregulação imunológica se dá principalmente na imunidade inata (aquela em que o indivíduo já
nasce com ela), resultando em uma maior secreção de peptídeos antimicrobianos, principalmente a
catelicidina, a qual ativa e controla uma série de processos envolvidos na inflamação, na
desestruturação da derme e na angiogênese (proliferação de vasos sanguíneos) que contribuem para
a formação das telangiectasias.
Embora haja um desequilíbrio imunológico, é importante dizer que a rosácea não é uma doença
autoimune! Já que, numa patologia autoimune, as células de defesa do corpo atacam um
determinado grupo de células próprias do organismo, o que não é o caso na rosácea. É válido
mencionar que a rosácea também não é contagiosa.
Na desregulação neurovascular há a liberação de certos neuropeptídeos nos vasos sanguíneos que
contribuem com a inflamação e induzem o flushing, que é a vermelhidão súbita da face. Com
o tempo, o eritema passageiro e recorrente pode tornar-se persistente.
Na pele com rosácea, o ácaro Demodex folliculorum está presente nos folículos
pilossebáceos em maior número do que naquela não acometida pela patologia. Sabe-se que esse
ácaro atua induzindo e retroalimentando a inflamação, contribuindo com a piora do quadro.
A inflamação gerada desestabiliza a barreira cutânea da pele, o que agrava a rosácea. O contrário
também é verdadeiro, ou seja, uma barreira cutânea comprometida por agentes externos, como por
exemplo o uso de cosméticos
inadequados, estimula o processo inflamatório, como num círculo vicioso.
A rosácea tem relação com outras patologias?
A rosácea já foi bastante associada com problemas gastrointestinais, como a presença de gastrite
por Helicobacter pylori. No entanto, novos estudos não têm encontrado essa relação.
A rósacea pode estar associada com outras patologias cutâneas, como por exemplo a dermatite
seborreica.
Mais recentemente, pesquisas vêm sugerindo uma possível associação com enxaqueca e algumas
comorbidades, como as cardiovasculares, neurológicas, neurodegenerativas e autoimunes.
Assim, os profissionais que acompanham o paciente devem estar vigilantes quanto a um possível
acometimento sistêmico, para auxiliar a prevenir ou mesmo conduzir o melhor tratamento.
Uma questão de equilíbrio
Como abordado, além da predisposição genética, a rosácea é ocasionada por uma cascata de
desequilíbrios. Logo, além de fazer o tratamento dermatológico
adequado e manter bons hábitos de vida, é crucial compreender e evitar os fatores que pioram a patologia para manter ao máximo o
equilíbrio da pele.
Referências:
Oliveira, Clivia Maria Moraes de, et al. "Consenso sobre tratamento da rosácea− Sociedade
Brasileira de Dermatologia." Anais Brasileiros de Dermatologia 95 (2020): 53-69.
Haber, Roger, and Maria El Gemayel. "Comorbidities in rosacea: a systematic review and update."
Journal of the American Academy of Dermatology 78.4 (2018): 786-792.